…com os meus! 43 anos de miopia e astigmatismo altos, desaparecem em 15 dias.

Chego a casa após a operação ao segundo olho e constato que é mesmo verdade. Dirigi-me à casa de banho, onde guardava o estojo das lentes, tirei a que ainda me restava e enrolei-a devagar entre os dedos. Despedi-me de anos com medo que as lentes de rasgassem, as perdesse, as colocasse nos olhos com pêlos. De as trocar, sobrepor, pô-las mal lavadas e assim deixar o olho vermelho. Anos em que duas pequenas esferas gelatinosas me despertavam tanta inquietação, dependência e insegurança. Constatei naquele momento a dimensão da batalha que acabara de ganhar e senti-me, não superior nem sequer vingativa. Senti-me sim, senhora de mim, da minha vida. E foi nesse registo que as deitei fora, juntamente com a caixa onde as guardava todos os dias. Depois foram os óculos bem grossos, com os quais descansava os olhos ao fim de cada dia. Agora repousam na última gaveta da estante, aquela que guarda o que facilmente esquecemos.
Hoje, na primeira manhã sem necessidade de nenhum recurso, percebo como é fácil ocupar o lugar do que perdeu valor. E aprecio a minha casa de banho, onde não deixei vazio o canto que a minha mão procurava automaticamente. O lugar na mesa de cabeceira, por cima dos livros, onde antes repousavam os óculos e que agora, pela primeira vez desde que me lembro, está vazio. Tudo está em harmonia, como se nunca tivesse sido de outra forma. Apercebo-me de como a vida é feita de detalhes que nos passam ao lado e que são eles, tantas e tantas vezes, que dão valor à vida. Como o próprio ato de os poder ver, seja com que olhos for.
Dentro de mim, arrumo-me como posso, fazendo despedidas enquanto me abro a todo um mundo que passei a ver melhor. A realidade deixou de estar a curta distância como distantes já parecem os tempos em que a falta de visão me fez cair, confundir pessoas e colocar-me em situações, para os outos hilariantes, para mim, fragilizantes.
A nossa energia muda quando a visão que temos de nós mesmos também muda e, com ela, a forma como guardamos o mundo. Como quem mastiga um alimento até que o organismo o aceite com naturalidade e até gratidão. Esse é o nosso poder sobre as circunstâncias e aquilo que decidimos entregar de volta.
Leio a minha energia e aprecio o que o meu inconsciente me oferece: Um portão, uma fronteira e um sol. Possa eu agora atravessar a porta que a medicina e o meu extraordinário médico me abriram e que a vida me permitiu. E preparo-me com gratidão e entusiasmo para assumir o meu lugar, agora com muito mais confiança.
Uma Leitura da Aura ajuda a situar e a arrumar.
Uma sessão de Equilíbrio Energético a processar e a integrar.